Unijuí Physiology Research Group (GPeF- UNIJUÍ)

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Science for all
(Ciência para todos)

Esta parte da página foi criada para divulgação de resultados de estudos científicos para a comunidade. Os artigos são selecionados e explicados sucintamente pela Bióloga e Mestre em Atenção Integral à Saúde Lílian Corrêa Costa Beber. 

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    Que a poluição faz mal pra saúde todo mundo sabe né...  Mas, vocês já pensaram que mesmo cidades pequenas, consideradas não poluídas, podem apresentar um nível de poluição prejudicial? A questão é: existe nível seguro de poluição?

  Tanto a obesidade induzida pela dieta inadequada quanto a exposição ao poluente estão relacionados ao desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2. Mas será que existe um efeito aditivo desses fatores de risco? Isto é, será que uma pessoa obesa sofre mais com os efeitos da poluição? Ou será que uma pessoa exposta a poluição é mais suscetível aos efeitos da obesidade induzida pela dieta hiperlipídica (dieta rica em gordura)? E se os níveis de poluição forem baixos? Existe nível seguro de poluição, como prega a Organização Mundial de Saúde?

  Esse artigo ‘democraticamente eleito por mim’ pra abrir essa seção, mostrou claramente um efeito aditivo de níveis baixíssimos de poluição àqueles causados por uma dieta gorda. Como assim? O estudo de mestrado da professora Pauline mostrou que, à medida que os animais consumindo dieta gorda passaram a receber também a poluição, tiveram uma piora significativa na glicemia (açúcar no sangue), além de biomarcadores de inflamação e dano tecidual.
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  Antes de qualquer alteração que possa ser percebida em exames de rotina, podem haver danos teciduais. São chamados biomarcadores SUBCLÍNICOS. Isto é, que marcam um efeito ainda não perceptível, assintomático, mas existente e que antecede o desenvolvimento de muitas doenças. Esse estudo mostrou que a associação da dieta hiperlipídica e exposição ao poluente resultou em uma alteração na atividade antioxidante do tecido adiposo branco epididimal (depósito de gordura próximo as estruturas reprodutivas) e respostas bastante diferentes entre os tecidos envolvidos no metabolismo da glicose, mesmo em níveis considerados seguros pela OMS.
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  Ainda ficou em dúvida quanto a importância desse resultado? Dá só uma olhadinha nas fotos dos camundongos gordinhos, prestando atenção na legenda:
Control: grupo que não recebeu dieta gorda NEM poluição; PM2.5: grupo que recebeu Material Particulado Fino, o tipo de poluente utilizado; HFD: grupo que recebeu dieta gorda; HFD+PM2.5: grupo que recebeu dieta gorda e o poluente; EWAT: tecido adiposo branco epididimal.

  E aí? Será que existe nível seguro de poluição? Será que os efeitos da poluição estão restritos ao pulmão?
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  No artigo anterior, a professora Pauline mostrou que quando animais já obesos (obesidade induzida pela DHL) são expostos a poluição, existe piora na intolerância à glicose, etapa que antecede o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo II. A questão que ficou em aberto era: se os animais forem se tornando obesos e expostos a poluição desde a infância, esse efeito é o mesmo? Será que é pior?

  No meu trabalho de conclusão de curso (TCC), nós submetemos animais pós-desmame a 12 semanas de consumo de DHL e a exposição a baixos níveis de poluição. Mostramos que quando esses animais crescem, desde recém desmamados, consumindo DHL e sendo expostos a concentrações irrisórias de poluição, o efeito é bastante similar. Nesse estudo, também mostramos que o tecido adiposo “foi imune” aos efeitos oxidativo da poluição associada a obesidade (consumo de DHL) (Fig. A), pois ele apresentou aumento nas suas defesas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) (Fig. B) e catalase (CAT) (Fig. C). Não esqueçam que SOD e CAT são enzimas antioxidantes complementares, que neutralizam espécies reativas para impedir que elas lesem os tecidos.

  Então, por um lado, o tecido adiposo não sofre com os efeitos oxidativo da poluição, mas por outro, o aumento das suas defesas antioxidantes esteve associado a redução da defesa sistêmica, avaliada pela nossa HSP70 (Fig. D e E). Ou seja, a combinação de DHL e exposição a níveis baixos de poluição aumentou a adiposidade e a defesa antioxidante do tecido adiposo, enquanto deixou todo o organismo sujeito aos efeitos oxidativos e danosos, por reduzir os níveis plasmáticos de HSP70 e desequilibrar o metabolismo glicêmico!
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  Esses dados nos acendem o sinal de alerta! Estaria o tecido adiposo mediando todos os efeitos sistêmicos nessas condições? Será que ele é tão danoso assim? Boa pergunta.
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  Lembra daquele sinal de alerta sobre os ‘níveis seguros de poluição’ que foi acionado na postagem anterior? Pois é né gente... Nesse outro estudo do nosso grupo de pesquisa da UNIJUÍ, nós mostramos algo tão quanto ou ainda mais impactante que isso!

  Tanto a obesidade decorrente de uma dieta inadequada quanto a exposição aos níveis, mesmo sendo baixos de poluição, levam a danos teciduais (parâmetros moleculares e de estresse oxidativo) relacionados ao desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2. Isso o próprio artigo da Pauline mostrou, mas... e o exercício físico? Se ele é usado como um tratamento para a obesidade e diabetes, será que ele pode combater os efeitos da poluição? Como se comporta um organismo em exercício físico exposto a poluição atmosférica?

  A primeira coisa que vocês precisam entender é o estresse oxidativo. É quando as nossas defesas antioxidantes não são suficientes pra combater os radicais livres (e espécies reativas não radicalares também), causando danos as proteínas, aos lipídeos e DNA.
Então, nesse post que é um recorte do artigo de mestrado da Aline, o primeiro gráfico mostra o nível de dano lipídico, no tecido cardíaco. No segundo, mostramos a atividade da superóxido dismutase (SOD), uma das nossas defesas antioxidantes.

  Nós temos o grupo Controle (CON), que não fez exercício nem recebeu poluição; o Poluído (PM2.5), que recebeu o Material Particulado Fino, nosso poluente de interesse; Treinado Moderado (MTT), que passou por um treinamento (natação) moderado, com 6% do peso corporal acoplado a cauda; Treinado Moderado Poluído (MTT +  PM2,5), que fez o mesmo treinamento moderado e foi exposto a poluição; Treinado Intenso (HTT), que fez o treinamento (natação) intenso, com 8% de peso corporal acoplado a cauda; e Treinado Intenso Poluído (HTT+PM2,5) que passou pelo mesmo treino e foi exposto a poluição. Lembrando que, os *,# e ** significam que realmente têm diferença entre os grupos. OBS: Pra podermos dizer isso também precisamos da estatística, mas isso é conversa pra outra hora.
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  Nesse estudo, nós mostramos que, quando o treinamento (exercício repetido várias vezes) é intenso, ocorre PIORA nos parâmetros de estresse oxidativo do tecido cardíaco em comparação aos sedentários expostos ou não a poluição. TRADUZINDO... Pior que não fazer exercício, é fazer exercício em um lugar poluído, mesmo que seja pouco. Portanto pessoal, se for o caso de vocês, optem por exercícios em locais abrigados da poluição!
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    No post anterior, mostramos que “pior que não fazer exercício, é fazê-lo em local poluído, mesmo que seja pouco”. No entanto, falamos de um TREINAMENTO físico, ou seja, quando o exercício é feito diariamente, não uma vez por mês. Mas, pensando em uma realidade diferente, de uma pessoa obesa que não tem um programa de treinamento físico, mas que as vezes resolve ser uma pessoa ativa e vai correr na rua, por exemplo. Será que dá certo? Dá SERTO sim.
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  Então, um dos principais efeitos do exercício físico que faz com que ele seja tão eficiente no tratamento do diabetes melitus tipo II, é reduzir a glicemia (açúcar no sangue). Nesse estudo, o exercício físico intenso (high intensity exercise) reduziu a glicemia apenas nos animais não expostos ao poluente (grupo Saline). Já nos animais expostos ao poluente (PM2.5), nenhuma intensidade de exercício reduziu a glicemia. LEMBRANDO... letrinhas iguais acima das barrinhas significam que os grupos experimentais são iguais nesses parâmetros, enquanto letrinhas diferentes significam que eles são diferentes (jura Líliannn).

  Nesse estudo também foram avaliados os níveis de eHSP72 no plasma, dentre vários outros parâmetros. Essa proteína de choque térmico é IMPORTANTÍSSIMA na proteção das células, embora também aja como uma sinalizadora inflamatória, isto é, na ativação do sistema imune para correção de um estímulo danoso. Foi verificado, mais uma vez, que o exercício físico intenso reduziu os níveis de eHSP72 apenas nos animais não expostos ao poluente (grupo Saline).
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  TRADUZINDO... o exercício físico intenso exposto a poluição não é capaz de desempenhar o seu papel PROTETOR na redução da glicemia e redução dos níveis de eHSP72. Sinto muito!Nesse artigo, assim como nos demais já comentados, também foram avaliados marcadores SUBCLÍNICOS. Qual o intuito disso? Bom, como já comentado no post anterior, marcadores subclínicos podem indicar um dano devido a dieta hiperlipídica, exercício ou poluente, antes que ele possa ser perceptível e detectado por exames tradicionais e corriqueiros. E daí? E daí que, tendo marcadores subclínicos como base, doenças podem ser ‘previstas’ ainda no seu estado SUPER inicial.
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  1.   Baixos níveis de poluição não são baixos nada...
  2. A poluição exerce efeito aditivo aos efeitos da obesidade induzida pela dieta hiperlipídica (gorda) no desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2...
  3. A realização de um treinamento físico moderado e intenso exposto a poluição em vez de ajudar, piora...
  4. A realização de uma sessão aguda de treinamento físico intenso e moderado exposto a poluição também não consegue ajudar...
  Estava ruim e agora parece que piorou, não é mesmo?
  E se eu contar que, como se não bastasse, existe um fator de risco natural que pode aumentar a suscetibilidade das mulheres aos efeitos do poluente?

  Pois é, o climatério é um período natural da vida das mulheres, que marca a passagem da idade reprodutiva para a não-reprodutiva. Ou seja, ele corresponde a fase em que a mulher passa a não menstruar mais todo mês, apresenta ciclos irregulares, até a total menopausa. Além de ser um período relativamente complicado, devido aos calorões que algumas sentem, ele também compromete bastante o metabolismo. Nessa fase há uma redução gradual dos níveis hormonais (17β-estradiol), de modo que pode resultar em aumento de peso, aumento da glicemia (açúcar no sangue), do colesterol, pressão sanguínea, e ter muuuuitos outros efeitos.
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  Uma forma de estudar os efeitos da menopausa em animais é através da ovariectomia (OVX), que consiste na retirada bilateral dos ovários e consequente redução dos níveis de estrogênio (17β-estradiol). A pesquisa de doutorado da professora Pauline mostrou que a ovariectomia aumentou o peso corporal e massa gorda dos animais, além de alterar o metabolismo da glicose (figura A), em ratas expostas ao poluente (grupo Polluted+OVX). Além disso, também observou redução da atividade antioxidante superóxido dismutase (SOD) (figura B), e aumento da expressão de HSP70 no fígado (figura C) de animais submetidos as duas intervenções (grupo Polluted+OVX). Vocês lembram da HSP70? É aquela proteína fundamental para a sobrevivência celular, induzida sob condições de estresse quando o tecido requer uma defesa extra. Isso mostra, no mínimo, que o fígado, principal órgão metabólico, não estava nada confortável com essa associação (ovariectomia e poluição).
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  TRADUZINDO... as alterações no sistema reprodutivo predispõem as fêmeas aos efeitos da poluição, por afetar o metabolismo, as defesas antioxidantes e por aumentar os níveis de fatores inflamatórios nesses animais.
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  Qual o impacto dos picos de poluição atmosférica sobre o estado oxidativo e inflamatório de uma pessoa?
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  Bom, esse tema foi investigado no mestrado da Fernanda Baldissera. Esse estudo teve dois grupos experimentais, o grupo Controle (Control), que recebeu só solução fisiológica (porque é onde o poluente é dissolvido) e o grupo que recebeu o poluente, o Residual Oil Fly Ash (ROFA), um tipo de MP2,5 sobre o qual vínhamos falando. Já que os picos absurdos de poluição em cidades grandes dura em torno de três dias, os animais também foram expostos a solução fisiológica (grupo Controle) ou a poluição (grupo ROFA) durante três dias, uma vez por dia, a altos níveis de poluente.
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  Os animais apresentaram estresse oxidativo plasmático, verificado pelo dano oxidativo as proteínas (Carbonyl) e pelo desequilíbrio das defesas antioxidantes enzimáticas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), constatado pelo aumento da atividade da SOD e da razão SOD/CAT (SOD/CAT ratio). Mas, afinal de contas, o que nos indica essa razão? Por que ela é tão importante?
Bom, eu já falei que ambas as enzimas são antioxidantes. Só não falei que as suas ações são complementares. Isto é, enquanto a SOD age sobre um radical livre (O2-), ela precisa que a CAT esteja suficientemente ativa pra completar a neutralização desse radical. Ou seja, a CAT age sobre o produto da ação da SOD (H2O2), gerando água e oxigênio. Logo, uma razão SOD/CAT alterada indica um desequilíbrio entre as suas ações, e isso é BEM RUIM.

  Os animais expostos também apresentaram aumento dos níveis plasmáticos de eHSP72. A HSP72, proteína de choque térmico, é IMPORTANTÍSSIMA na proteção celular e expressa pelos tecidos como forma de defesa (intracelular – por isso o iHSP72 que aparece as vezes no texto). Todavia, quando ela se encontra na circulação sanguínea (extracelular – por isso o eHSP72), também age como ativadora do sistema imune. Portanto, o aumento dos níveis de eHSP72 aliada ao estresse oxidativo plasmático causados pela exposição ao poluente (ROFA), representam um grande fator de risco para a saúde. Além disso, os mesmos animais apresentaram aumento da razão eHSP72/iHSP72 (eHSP72/iHSP72 ratio) no timo, um tecido linfoide envolvido na resposta imune.
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  Esses animais não apresentaram alterações no hemograma (um exame de sangue que nós fazemos frequentemente), o que mostra o principal resultado do estudo: OS EFEITOS NÃO SÃO PERCEBIDOS POR EXAMES DE ROTINA, MAS EXISTEM!
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  Doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes melitus tipo II, aterosclerose, entre outras, apresentam um desequilíbrio na resposta ao estresse celular. Isto é, quando expostas ao estresse oxidativo e estímulo inflamatório, elas tem uma resposta deficiente ou exacerbada que acaba retroalimentando a inflamação, tornando-a crônica e de baixo grau.

  Uma das características determinantes nessa resposta ao estresse é a resposta ao choque térmico, definida como a capacidade das células expressarem e exportarem HSP70 (iHSP70 no meio intracelular e eHSP70 no meio extracelular). Nesse sentido, o exercício físico, sendo uma estratégia de tratamento não farmacológica para muitas dessas doenças, consegue estimular a resposta ao choque térmico. Mas, quão intenso o exercício precisa ser pra induzir essa resposta? Existe um limite considerado seguro?
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  Essa foi a pergunta investigada no doutorado do professor Thiago Gomes Heck. Pra responder a essa indagação, ele e seus colegas submeteram ratos Wistar a 20 minutos de natação com diferentes cargas (2%, 4%, 6% e 8% do peso corporal) acopladas a cauda ou ao sedentarismo. Após, os animais foram eutanasiados e os linfonodos mesentéricos isolados e submetidos ao choque térmico pra avaliação da resposta ao choque térmico dessas células.

  Como pode ser visto nos gráficos da Figura 1, a natação com 2%, 4% e 6% de carga acoplada a cauda aumentou a expressão de iHSP70 nos linfócitos mesentéricos, enquanto a natação com 8% não teve o mesmo efeito. Isso também fica evidente na Figura 2, que mostra a fluorescência correspondente ao conteúdo de iHSP70 celular. Nos grupos com 2%, 4% e 6% também houve redução da ativação do fator nuclear NFkB, envolvido na ativação de várias vias inflamatórias, enquanto no 8% houve aumento.

  Do mesmo modo, no grupo que realizou natação com 8% do peso corporal acoplado a cauda, houve um aumento exacerbado nos níveis extracelulares de eHSP70 (Figura 3). Lembrando que... A iHSP72 (Figuras 1 e 4) é IMPORTANTÍSSIMA na proteção celular e expressa pelos tecidos como forma de defesa, sendo capaz de inibir a ativação do NFkB, o que justifica o resultado anterior.  Todavia, quando ela se encontra na circulação sanguínea (eHSP70) também age como ativadora do sistema imune. Portanto, verificar o equilíbrio entre elas é de suma importância.

  Então, através da razão eHSP70/iHSP70, definida como Índice Heck (H Index), os autores verificaram que o grupo 8% apresenta um Índice H muito superior em relação aos demais grupos que fizeram exercício. Isso mostra que, ao menos para os linfócitos mesentéricos, existem intensidades de exercício consideradas seguras, enquanto o de alta intensidade exacerba o processo inflamatório!

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  O exercício físico está associado ao estímulo a resposta ao choque térmico, verificada pela capacidade das células expressarem e exportarem HSP70 (iHSP70 em meio intracelular e eHSP70 em meio extracelular). Essa melhoria na resposta ao choque térmico induzida pelo exercício é uma das responsáveis pela sua capacidade de ‘tratamento não farmacológico’ a doenças inflamatórias, como obesidade, diabetes, aterosclerose e hipertensão.
  Mas, e quanto a atividade física?
  Parecem ser a mesma coisa, mas não são. Então, antes de tratarmos mais especificamente desse trabalho, é fundamental esclarecer a diferença entre os dois conceitos, atividade e exercício físico. Atividade física é qualquer movimento muscular que exceda o gasto energético de repouso (basal), enquanto o exercício físico é algo programado e com um objetivo específico.
  O estudo de mestrado da Eliara Ten Caten Martins dividiu pacientes hipertensos em ativos e inativos, com base no número de passos dados por dia (ativos - mais de 10.000 passos/dia; inativos – menos de 10.000 passos/dia). Depois, entre os pacientes ativos e inativos, separou-os em HSP72- com níveis plasmáticos dessa proteína indetectáveis, ou HSP72+ com níveis detectáveis.
  O estudo mostrou que os pacientes hipertensos que realizaram atividade física (mais de 10.000 passos/dia) e tiveram níveis detectáveis de eHSP70 no plasma, também tiveram redução da lipoperoxidação plasmática, e aumento da atividade antioxidante da superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). Esses dados mostram que induzir a exportação de eHSP72 é fundamental para o efeito antioxidante da atividade física. Mais importante, mostram que os níveis plasmáticos de eHSP72 podem ser usados como biomarcadores da atividade física necessária para melhorar a defesa antioxidante e a saúde cardiovascular em pacientes hipertensos.
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  O climatério é um período natural da vida das mulheres, que marca a passagem da idade reprodutiva para a não-reprodutiva. Ou seja, ele corresponde a fase em que a mulher passa a não menstruar mais todo mês, apresenta ciclos irregulares, até a total menopausa. Além de ser um período relativamente complicado, devido aos calorões que algumas sentem, ele também compromete bastante o metabolismo. Nessa fase há uma redução gradual dos níveis hormonais (17β-estradiol), de modo que pode resultar em aumento de peso, aumento da glicemia (açúcar no sangue), do colesterol, pressão sanguínea, e ter muuuuitos outros efeitos.
  Como visto anteriormente, a capacidade de expressar e exportar HSP70 (intra e extraHSP70, respectivamente), denominada resposta ao choque térmico, é fundamental para o sucesso da resposta celular a situações estressoras. Se o climatério é tão danoso ao metabolismo, como ele afeta a resposta ao choque térmico? Essa foi a pergunta investigada no doutorado do professor Antônio Miragem.
  Para responder a essa pergunta, os pesquisadores utilizaram dois grupos de ratas Wistar, sendo um deles submetido a retirada bilateral dos ovários (ovariectomia – OVX) e consequente redução dos níveis de estrogênio (17β-estradiol), enquanto o outro grupo foi submetido a falsa cirurgia (Sham), sem remoção dos ovários. Após sete dias, esses animais foram subdivididos, de modo que metade de cada grupo (ratas OVX e Sham) foi submetido ao choque térmico (HS) e metade a normotermia.
  Nesse estudo, o choque térmico não foi utilizado como terapêutica, como já foi em alguns estudos, mas como uma forma de induzir um desafio celular, e depois verificar a capacidade de resposta do tecido aórtico frente a esse estresse. O choque térmico consistiu de um banho em água a 42ºC, para aumentar a temperatura corporal a 41-41,5ºC por 15 min. Já a normotermia consistiu de um banho em água a 36ºC, para manter a temperatura corporal em 36-36,5ºC.
  Os pesquisadores encontraram que, como o esperado, o choque térmico induziu o aumento na expressão de iHSP70 no tecido aórtico em ratas OVX e Sham. Esse resultado indica que sete dias de privação ao estrogênio, pois foi o tempo decorrido entre a retirada dos ovários e o choque térmico, não comprometeu a resposta celular ao choque térmico na aorta. Esse mesmo resultado foi acompanhado de nenhuma alteração nos parâmetros de estresse oxidativo, hematológicos e de controle glicêmico.
  Isto é, o estrogênio não é o único regulador da expressão de HSP70 e os efeitos maléficos do hipoestrogenismo requerem um tempo maior para ocorrer! Mas, será que um tempo maior de privação de estrogênio compromete a resposta ao choque térmico? 

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  A resposta ao questionamento resultante do trabalho de doutorado do professor Antônio Miragem, veio no mestrado da Yana Lissarassa. Nesse estudo, também foram utilizados dois grupos de ratas Wistar, sendo um deles submetido a retirada bilateral dos ovários (ovariectomia – OVX) e consequente redução dos níveis de estrogênio (17β-estradiol), enquanto o outro grupo foi submetido a falsa cirurgia (Sham), sem remoção dos ovários.
  A hipótese era de que, por ser capaz de induzir uma resposta celular estresse, pela expressão e exportação de HSP70, o tratamento térmico seria capaz de prevenir os efeitos metabólicos, de estresse oxidativo induzida pelo climatério. Então, decorridos sete dias da ovariectomia ou falsa cirurgia, os animais foram subdivididos, de modo que metade de cada grupo (ratas OVX e Sham) foi submetido ao tratamento térmico (HT) e metade a normotermia, uma vez por semana, durante 12 semanas, conforme a metodologia do estudo anterior.
  O tratamento térmico atenuou o ganho de peso induzido pela ovariectomia, aumentou os níveis de HDL (Fig 1A), sem alterar a concentração de LDL (Fig 1B). Entretanto, também aumentou os níveis de triglicerídeos em animais ovariectomizados (Fig 1C). O tratamento térmico aumentou tanto a expressão de iHSP70 no tecido adiposo, quanto a sua exportação (Fig 2A e B).
  Qual a importância das análises teciduais e moleculares nessas pesquisas? A importância reside em encontrar as vias, moléculas, sinais envolvidos, além de efeitos imperceptíveis em exames de rotina. Sabendo disso, algumas dessas vias podem ser usadas como alvos terapêuticos. Por exemplo, sabendo que a super-expressão de HSP70 poderia melhorar o perfil lipídico, como visto nos níveis de HDL, podem ser desenvolvidas outras estratégias ou fármacos que super-expressem essa proteína como forma de tratamento.
  Além de aumentar os níveis de HDL e a expressão de iHSP70 no tecido adiposo, o tratamento térmico reduziu o dano oxidativo no músculo esquelético (dado ausente na imagem). Juntos, esses resultados sugerem que o tratamento térmico pode ser usado pra minimizar os efeitos deletérios do climatério, e pode prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
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    Diferente da obesidade, DM2, climatério e exposição a poluição atmosférica que correspondem a uma condição inflamatória crônica de baixo grau, a sepse é a uma condição inflamatória aguda, decorrente de uma infecção generalizada.
    Essa infecção de origem bacteriana resulta inicialmente em uma resposta inflamatória, primeiramente exacerbada, mas que evolui para a depleção do sistema imune, caracterizado pela redução da contagem de células imunológicas (perceptível pelo hemograma de rotina), redução da temperatura corporal, da glicemia (glicose no sangue) e perda excessiva de massa muscular. Dentre estes, a redução da contagem leucocitária (células imune) representam o melhor ‘marcador’ da mortalidade por sepse.
    Por outro lado, a glutamina, um aminoácido essencial, além de auxiliar na manutenção da massa muscular, estimula o sistema imunológico. Portanto, é plausível deduzir que a suplementação com glutamina poderia auxiliar no tratamento da sepse. Essa hipótese foi investigada no trabalho de conclusão de curso do Maicon Sulzbacher.
    Nesse estudo, inicialmente ele tratou dois grupos de animais com solução fecal em diferentes concentrações (10% e 20%), a fim de verificar qual o método que melhor representa o quadro de sepse em hospitais. Por fim, no segundo momento, trabalhou com quatro grupos experimentais: Controle (CONT), Sepse (20% de solução fecal), Glutamina (GLN) e Sepse+Glutamina (Sepse+GLN). Os grupos GLN e SEPSE+GLN foram suplementados com L-glutamina 3 vezes por dia, com intervalos de 4 horas, iniciando-se 1 hora após a indução da sepse, totalizando 47 horas de tratamento com glutamina.
    Como esperado, a solução fecal induziu a sepse, verificada pela redução da temperatura corporal, glicemia e da contagem leucocitária. Por outro lado, o tratamento com glutamina nesses animais, preveniu a redução da contagem leucocitária. Esses dados sugerem que, embora o tratamento com glutamina não tenha auxiliado nos demais aspectos da sepse, hipotermia, hipoglicemia e leucopenia, foi eficaz em estimular o sistema imune. Sendo a resposta imune essencial, o uso de glutamina pode ser útil como terapia adjuvante na sepse.

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     ​Dando continuidade à pesquisa sobre possíveis tratamentos da sepse, uma condição inflamatória aguda, decorrente de uma infecção generalizada, o Maicon Machado Sulzbacher investigou no mestrado se a administração de uma dose de eHSP72 poderia impedir ou retardar a mortalidade por sepse.
    Essa infecção de origem bacteriana resulta inicialmente em uma resposta inflamatória, primeiramente exacerbada, que evolui para a depleção do sistema imune, caracterizado pela redução da contagem de células imunológicas (perceptível pelo hemograma de rotina). O avanço do quadro séptico também é marcado pela redução da temperatura corporal (hipotermia), da glicemia (hipoglicemia) e do peso corporal. Em contrapartida, a proteína eHSP72 pode ser encontrada no plasma de pacientes sépticos, e pode estar associada ao estresse oxidativo, mas também agir como uma imunomoduladora. Isto é, a eHSP72 nesses pacientes pode ter um efeito deletério relacionado ao dano oxidativo, ou um efeito regulador através da ativação do sistema imune, que ainda não havia sido estudado nesse contexto.
Nesse estudo, dois grupos de animais receberam injeção intraperitoneal de solução fecal (20%) para indução da sepse. Paralelamente, um terceiro grupo animal recebeu uma injeção intraperitoneal de solução salina, servindo como controle do experimento (Control). Decorrido 12 horas da indução da sepse, um dos grupos recebeu eHSP72 intravascular (grupo Sepsis+eHSP72) (1,33 ng/g de peso corporal), enquanto o outro permaneceu sem tratamento (grupo Sepsis).
    Decorridas 24 horas da indução da sepse, foi verificado que o tratamento com uma única dose de eHSP72 reduziu a severidade da doença, verificado pelo score murino de sepse (Figura 1A), similar ao adotado para humanos, e na atenuação da hipotermia (Figura 1B). Esses efeitos foram independentes de efeitos protetores na glicemia (Figura 1C), na perda de peso (Figura 1D), e massa magra, verificada pela porcentagem de músculo gastrocnêmio relativo ao peso total corporal (Figura 1E). O tratamento com a eHSP72 também exerceu efeitos protetores na contagem de células imunológicas, como os neutrófilos (dado ausente na figura), e nos parâmetros de estresse oxidativo pulmonar (dados ausentes na figura). Por fim, esse tratamento aumentou a taxa de sobrevivência a sepse (Figura 2).
   Concluindo, esses resultados mostram que a administração de uma dose de eHSP72 intravascular apresenta vasto potencial em atenuar a severidade da sepse em camundongos.
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​   Que o isolamento social é fundamental na redução da taxa de contágio e de mortalidade por Covid-19, todo mundo que não vive em um mundo paralelo (ironia à parte) sabe... Mas, aqui na nossa região, qual é o real cenário em relação ao isolamento/contágio?
   O RS tem conduzido uma pesquisa populacional que visa ‘mapear’ os casos de Covid-19 em nove cidades. o chamado estudo EPICOVID-RS. Ijuí, no noroeste do RS, embora seja uma cidade relativamente pequena (83.475 habitantes), serve como centro de referência universitário e de serviços de saúde pra mais de 100.000 pessoas.
   Nesse estudo, foi feito uma amostragem populacional em quatro estágios. Como assim? Através de softwares, foi feito um ‘mapeamento’ de casas específicas que permitiriam ter uma amostragem adequada da população, nas diferentes áreas de Ijuí. Os quatro estágios de visitas ocorreram nos dias 11-13 e 25-27 de abril, 9-11 e 23-25 de maio. Em cada casa sorteada pelo software, após assinar o termo de consentimento livre esclarecido, um dos residentes foi testado para anticorpos anti-SarsCOV-2. Em caso de resultado positivo, os demais também eram testados. Em caso dos residentes negarem a participação na pesquisa, os pesquisadores visitaram a casa vizinha. Nessas visitas, além do teste rápido, as pessoas também foram entrevistadas sobre hábitos diários, aderência ou não ao isolamento social, etc.
   Ao longo das quatro etapas da pesquisa, o isolamento social (Figura 1A) e as medidas de proteção diária caiu muito (Figura 1B), ao passo que a taxa de contágio por Covid-19 aumentou (Figura 2A). Em seguida, também foi calculado um desfecho considerando o nível de isolamento existente e o ideal. Com base nisso e nos dados governamentais, estimativas mostraram que, se continuar assim, as expectativas não são nadinha agradáveis! Foram dois cálculos, considerando um crescimento linear e exponencial no número de casos. A projeção linear (círculos verdes) mostrou um crescimento inferior ao encontrado na realidade (círculos vermelhos), enquanto o exponencial foi mais coerente com os dados disponíveis até então (círculos azuis), de modo que representou melhor a velocidade de contágio em Ijuí, considerando o distanciamento social vigente (Figure 2B).
 Concluindo, o distanciamento social insuficiente registrado na população de estudo pode estar relacionado ao aumento muito rápido nos casos de Covid-19 e ao colapso do sistema de saúde de Ijuí, o que pode ser prevenido caso o distanciamento social aumente nas próximas semanas. 
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